quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Meus amores


Presente de Deus e razão da minha vida.



Meu filho e companheiro, amor da minha vida.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Quando eu era pequena ...



Gente olha a carinha de zangada. rsrsrsrsr

Retrospectiva


Até os meus sete anos de idade morava em uma fazenda no município de Aiuaba, interior do Ceará. Lá não havia escola, pois a demanda de aluno era insuficiente. Então meu pai (Sr Joaquim, 79) contratava uma professora da cidade, para nos ensinar a ler, escrever e fazer as quatro operações. Ele era (e ainda é) analfabeto e não queria que seus filhos permanecessem como ele. Adorava quando recebia carta dos familiares que moravam na cidade e líamos para ele, ficava todo orgulhoso. Recordo-me da minha professora Ceiça, como a chamávamos pois o nome dela era Maria da Conceição. Ela era minha madrinha e eu achava que ela tinha que me paparicar por isso, então quando ela me chamava atenção por algo de errado que eu fazia eu ficava de cara amarrada. (rsrsrsrs)Coisa de criança. Ela era bastante rígida, usava palmatória quando ia tomar a tabuada e meus irmãos respondiam errado ou se repetíssemos a pergunta dela. O material pedagógico se resumia a Carta de ABC, tabuada e uma cartilha da qual não me lembro o título, mas que tínhamos que dar conta de ler quando ela solicitava. Decorávamos a seqüência do alfabeto então quando ela perguntava fora da seqüência era só erro. Hoje isso é motivo de risos, mas na época era pra chorar mesmo. A sala de aula era a sala de nossa casa mesmo, não tinha quadro negro e o atendimento para sanar as dúvidas era coletivo ali mesmo na mesa onde fazíamos as refeições. Quando nos mudamos para a cidade já sabia ler e escrever. Da 1ª a 4ª série estudei de forma regular, mas a partir da 5ª série fiz um curso de aceleração em período integral pois já estava com 14 anos e a minha idade estava em desacordo com a série. A escola se chama Centro Interescolar I do Guará I cidade satélite de Brasília. Eu amava aquela escola e todos que trabalhavam lá. Foram anos maravilhosos. Apesar de estudar nos dois turnos. Almoçava na escola, A Profª Rute ficava conosco neste período ela era professora de Religião. A diretora D. Lourdes, o secretário se chamava Tião (Sebastião), Neuza era profª de História, Helvécia de Português, Cleonice de Matemática. Não me lembro o nome de alguns mas recordo-me da fisionomia deles. A profª de Geografia era uma maranhense muito gente boa, ela nos ensinava na base dos questionários, exteeeeensos, e as datas que precisávamos decorar. Ufa! Ainda bem que a educação não é estática. Ela vai evoluindo assim como nós. Tínhamos um professor de inglês que era oriundo de um país da África, ele não falava quase nada de português, mas dava conta das aulas. Tínhamos aula de PI – Práticas Industriais, onde aprendíamos marcenaria, e aula de Educação para o lar, (quanto machismo ) aprendíamos a fazer tricô, bordar, culinária, pintura. Fazíamos teatro na disciplina Artes Cênicas com a profª Mirian. Minha primeira peça, foi “O ipê roxo”. A profª nos dava um livro para ler e ao final de cada mês a peça tinha que estar pronta para apresentarmos no auditório. Todo o colégio participava. O melhor de tudo era a dedicação dos professores nos cativava. Costumava pegar o livro de matemática ficar olhando os exemplos, depois fazia os exercícios e por isso me tornei monitora dos meus colegas e dava aula de reforço. Olha que coisa, mas nunca sonhei ser professora, quando me perguntavam na escola o que queria ser, sempre respondia que queria fazer Contabilidade para trabalhar em um banco e depois fazer Direito. Mas no início de 1986 mudei-me para Jequié. Fui estudar no IERP, ah que diferença da escola do ensino fundamental. Mas o barco tem que seguir. Fiz um curso Técnico em Contabilidade. Foram três anos difíceis, aconteceram greves, falta de professores, tive notas ruins, confesso que não foi o melhor curso que já fiz. A biblioteca era pobrezinha. Mas cheguei ao fim sem muita história pra contar, em 1988. Levei 18 anos longe da sala de aula. Então fiz 02 vestibular (2003 e 2004 para Direito e não passei que decepção, fiquei arrasada. A escolha pelo curso de pedagogia, foi como a escolha por um atalho, e este me levaria a um caminho principal. Antes de escolher o curso de pedagogia, pesquisei sobre a necessidade do profissional no mercado de trabalho, o reconhecimento financeiro, a importância dada ao profissional como formador ou deformador de posturas, de conceitos, de pessoas. Para quem tem grandes ambições não é a profissão adequada, pois, o reconhecimento financeiro e social são de envergonhar e desestimular os mais otimistas dos viventes.
Mas, de forma particular este curso seria o atalho para que me levaria ao caminho desejado: o curso de direito. Nos meus projetos de vida o meu objetivo era o curso de direito, o qual o campus de Jequié não oferece, e sim o campus de Vitória da Conquista. Então, a partir do segundo semestre tentaria a transferência. Porém, não foi possível, pois aconteceram fatos na minha vida que me desviaram dos sonhos que nutria desde adolescência. Então decidi continuar e concluir o curso. Não gosto de deixar nada inacabado. Acredito que tudo na vida tem um propósito, nada é por acaso e tudo deve servir como aprendizado. É o que tenho feito desde o início do curso. Trabalhar, estudar, ser mãe de adolescentes e dona de casa é uma tarefa árdua. Mas, tenho vencido. Vivendo um dia de cada vez, preocupando – me com as situações do presente e planejando as situações futuras.
No início do curso estava desempregada, consequentemente tinha mais tempo para ler e me dedicar mais aos estudos, pouco menos de dois meses depois do início do comecei a trabalhar e o tempo ficou restrito, mas sempre cumpri com os compromissos que surgiam. O curso é muito teórico e exige muito tempo dedicado à leitura. No primeiro semestre encontrei dificuldades na disciplina de filosofia, não conseguia encontrar sentido nos textos que eram propostos. Estudar os primeiros filósofos não foi fácil. Já conhecer mais sobre a história da educação, sobre psicologia foi bem prazeroso. Encontrei mais dificuldades nas disciplinas em que observava a falta de empenho do docente. Recordo – me que no segundo semestre quando nos foi proposto a construção do pré projeto da monografia, foi uma angústia total. Eram muitas informações novas e acabávamos nos perdendo nestas informações. Que tema escolher? E o orientador? Preciso dele agora? Mas não tem orientador para todos os alunos, afirmou certa vez a ministrante da disciplina. Muitas leituras para fazer, para servir de subsídio para o levantamento teórico. Mas a escolha do tema ainda é muito prematura neste momento.
A maioria dos alunos mudou de tema no 6º semestre. Não tivemos como dar continuidade no 4º, pois tivemos durante o semestre cerca de quatro encontros com a docente que estava se preparando para seu doutorado em Portugal. Só recebemos o pré projeto com a correções, depois que a mesma já havia ido embora, o que nos impossibilitou de darmos continuidade neste período. Mas, isso já está superado.
A formação política do profissional em educação é bastante importante. Estudar na sociologia, suas potencialidades, suas contribuições, suas correntes, os movimentos sociais, pensadores como Emile Durkheim, Max Weber e Karl Marx, é de suma importância para a formação social, política e crítica do aluno. O mesmo não posso dizer sobre a disciplina estatística. Ela é importante, mas não está em harmonia com o restante das disciplinas do curso. Estudar Didática I e II, Estrutura e Funcionamento da Educação Básica I e II, no terceiro e quarto semestre foi muito proveitoso, pois como disse anteriormente quando há uma boa relação aluno-professor o aproveitamento é maior. Esta boa relação não quer dizer que o professor tenha que facilitar a vida acadêmica do aluno no sentido de não cobrar dele suas tarefas, mas refere-se ao domínio dos conteúdos e uma metodologia que ajude o aluno a compreender melhor os conteúdos.
Não fomos felizes nas disciplinas Realidade Brasileira e Ciência Política, o docente parecia não ter domínio dos conteúdos e não demonstrava compromisso com a apresentação da disciplina e nem com a formação de futuros profissionais em educação. O contrário aconteceu com Psicologia da Educação III. A professora além de ser totalmente comprometida, possuía total domínio dos conteúdos. Estudar os transtornos de personalidade nos abriu um leque de possibilidades, de situações que podemos nos deparar em sala de aula e que precisamos estar preparados. A atuação da professora foi ímpar.
Conhecer a estrutura do projeto e fazer observações na área de Educação de Jovens e Adultos foi enriquecedor, embora tenhamos ouvido na escola queixas de que a universidade precisa estar mais próxima da sala de aula. Em Educação Sexual, a boa relação e o comprometimento de todos foi fundamental para um bom desenvolvimento da disciplina. Conhecer o processo de Educação Infantil até a estrutura que se encontra nos dias atuais é fundamental para a formação do profissional que pretende atuar nesta área.
A cada semestre, a cada disciplina o conhecimento vai sendo construído, descobertas são feitas e uma nova visão é lançada sobre a educação infantil. Chegamos ao sexto semestre e com ele as metodologias, algumas vistas de forma superficial. Já a avaliação da aprendizagem foi bastante discutida e proposta de forma competente e minuciosa, quebrando conceitos e vislumbrando um novo pensar sobre a avaliação.
Refletir sobre o estágio, requer uma análise do espaço físico onde ele acontece: a escola. Precisamos ter em mente que a escola é o espaço privilegiado para a formação social, cultural, ética, política e humana de crianças e jovens. A educação é um instrumento capaz de dar a sua contribuição na formação destes indivíduos. Considerando a complexidade deste processo de formação, mas sem se deter nas dificuldades, professores e alunos caminham sempre e juntos, nas diferenças, pois como afirmou Albert Einstein (In: SEBER, 1997), “uma comunidade de indivíduos padronizados, sem originalidade pessoal e objetivos pessoais, seria uma comunidade medíocre, sem possibilidades de desenvolvimentos” (P. 135). A educação é uma forma de tornar comum o saber. Para Carlos Brandão (1995 p. 10) “A educação é [...] uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sociedade”.
São reflexões dessa natureza que nortearam o processo de aprendizagem durante estes sete semestres: o aprender sistematizado, para ensinar também de forma sistematizado. Sabemos que o homem se educa nos diferentes espaços: na família, na igreja, no clube, no trabalho, nos momentos de lazer. Mas, o que diferencia esta educação da educação escolar é a intencionalidade. Sabemos que nos primórdios da história da educação ela era privilégio de uma minoria abastada. Onde haveria uma separação como afirma Manacorda (1999), entre o homem das palavras e o homem das ações. Ao longo dos séculos este processo evolui e com o advento da revolução industrial a tentativa de conciliar estes dois homens, porém, a sociedade capitalista que se instala, distancia ainda mais estes homens. Agora ele também esta separado do produto de seu trabalho e por necessidade precisa vender sua mão-de-obra. Surge assim a educação tecnicista, para atender as necessidades do mercado de trabalho, como afirma FRIGOTTO (1995) “Nas perspectivas das classes dominantes, historicamente, a educação dos diferentes grupos sociais de trabalhadores deve dar-se a fim habilitá-los técnica, social e ideologicamente para o trabalho. Trata-se de subordinar a função social da educação de forma controlada para responder às demandas do capital”.(p. 26)
Resultantes deste processo dá-se origem ao que Marx (in: MEKSENAS, 1988) chama de classes sociais “onde existem os proprietários dos meios de produção que exploram e os não-proprietários” (p. 65) os explorados. Precisamos melhorar a educação e a qualidade oferecida pela escola pública que ainda se dá de maneira dicotômica.
De acordo com a LDB (1996), a educação abrange todos os processos formativos pessoais, profissionais e sociais e é dever do Estado e da família. No que tange a educação infantil, que é a primeira etapa da educação básica que vai até os seis anos de idade, ela tem por finalidade o desenvolvimento integral da (criança em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social. Por isso é preciso uma boa formação dos profissionais de educação infantil e está em constante renovação. É necessário está refletindo sempre sobre suas ações, sobre os estágios de desenvolvimentos em Piaget, o desenvolvimentos afetivo em Wallom, as interações sociais em Vygotsky e a importância do lúdico em Froebel.
Durante o estágio supervisionado pude perceber a importância de todos estes aprendizados. A importância da Didática no planejamento e desenvolvimento da prática pedagógica é fundamental. Definir quais os objetivos, a problematização, os conteúdos e as formas de avaliação, direcionam e facilitam o andamento das atividades pedagógicas. Assim afirma OLIVEIRA (1995):

“A didática [...] não se reduz ao mero domínio das técnicas de orientações didáticas, mas implica também os aspectos teóricos, ao mesmo tempo que fornece a teoria os problemas e desafios da pratica. Nesse entendimento, a didática caracterizar-se como mediação entre “o que”, “como” e o “para que” do processo de ensino (p. 80).

O estágio é a união da teoria com a prática, é um processo de reflexão de tudo que foi discutido durante o período de formação acadêmica. Como afirma Maria Socorro Lucena Lima, (2003). “O estágio não é hora da prática! É a hora de começar a pensar na condição de professor na perspectiva de eterno aprendiz.” (p.16).